quarta-feira, 23 de maio de 2018

Parashá 18: Mishpatim, Shemot/Êxodo 21 à 24

Haftará: Jeremias 34:8-22 e 33:25-26; Mateus 5:38-42; Atos 23:1-11; Hebreus 9:15-22 e 10:26-39
Este é um comentário sucinto e objetivo das Lições da Torah e dos Profetas (ver Atos 13:15) ou Parashiôt, esta Parashá começa abordando uma série de diretrizes Divinas que determinam a conduta do ser humano em relação ao Eterno, a si mesmo e ao seu semelhante, estabelecendo uma sociedade mais justa, ética e humanitária.
Eis alguns tópicos que são abordados: penalidades por agressões ao próximo; amaldiçoar aos pais, responsabilidades dos juízes e líderes; responsabilidades por danos físicos ao seu semelhante ou à sua propriedade, causados por alguém ou por algo de sua propriedade; pagamentos por roubo; não retornar um objeto pelo qual ficou responsável; direito de autodefesa de quem está sendo roubado; proibição contra sedução; prática de feitiçaria; sacrifícios a ídolos e etc.
Quando você tem um servo hebreu, ele servirá seis anos, e no sétimo será liberado. Qualquer um que mata intencionalmente(crime doloso) deverá ser condenado à morte sem direito de defesa.
Se este assassinato ocorre sem intenção de matar(crime culposo), haverá um lugar para este assassino fugir, as cidades de refúgio.
Honrem seus pais e nunca levantem a mão contra eles. Quando houver uma briga e um ferir o outro, aquele que golpeia não ficará impune porém, terá que pagar toda a cura do doente. Quando alguém agredir um escravo com uma vara e ele morrer, o agressor deve ser punido.
Se dois homens lutarem e uma mulher grávida for atingida e abortar, o marido deve multar o responsável. Mas se a mulher grávida morrer, então você tem que responsabilizar a vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, contusão por contusão.
Quando alguém agredir um escravo arrancando-lhe um olho ou um dente, o escravo deve ser posto em liberdade. Quando um boi chifrar alguém, deve ser condenado à morte mas, não se deve comer a sua carne.
Se o boi era conhecido por boi chifrador e seu dono não o prendeu, o boi e o seu proprietário deverão ser condenados à morte.
Quando alguém abrir um poço ou deixar uma cova descoberta e um animal cair, a pessoa que deixou o buraco descoberto é responsável pelos danos causados ao animal. Ele deverá indenizar e fazer o pagamento justo pela perda, mas poderá ficar com o animal morto.
Se um ladrão for pego com mercadorias roubadas, o ladrão deverá pagar o dobro do valor do que é roubado. Se uma pessoa permite que seus animais pastem no campo de outra pessoa e o tal animal causar prejuízos na lavoura alheia, a indenização deve basear-se no que tem no campo.
A pessoa que começar uma queimada e o fogo passar para a lavoura vizinha, o autor do incêndio deverá pagar os prejuízos da propriedade perdida pelo fogo.
Quando um homem der dinheiro ou bens para uma outra pessoa guardar e eles forem roubados, em seguida, for encontrado o ladrão, ele, o ladrão, pagará o dobro de tudo que roubou.
Quando alguém der para uma pessoa tomar conta certos animais como gado, e um animal morrer, sem uma testemunha ocular, então um juramento deverá ser feito em nome do Eterno, em tribunal.
A culpa será então decidida e um pagamento justo dado. Quando um homem tomar emprestado um animal, mas este vier a morrer de lesões sem o proprietário estar presente, então haverá um pagamento justo e devido ao proprietário. Se o proprietário estava presente, então não será necessário o pagamento.
Se um homem seduzir, uma moça virgem e solteira, então ele deve fazê-la sua esposa. Se o pai da moça se recusar a dar filha à ele, então deverá pagar uma taxa correspondente ao dote das moças virgens.
Não se deve tolerar uma bruxa ou praticantes de feitiçarias no meio de teu povo, tais pessoas trabalham com ocultismo e satanismo, o que é abominável ao Eterno teu D’us.
Quem praticar sexo com um animal deverá ser condenado à morte. Quem sacrificar a um deus estranho que não seja ao Eterno, será exterminado.
Não se deve oprimir nem fazer nada de errado com um estrangeiro, pois vocês foram estrangeiros na terra do Egito. Você não deve fazer nenhum mal a qualquer viúva ou órfão, para que a ira de Adonai não se acenda contra você caso eles clamem a Mim.
Se você emprestar dinheiro ao meu povo, especialmente aos pobres, não agem como um credor implacável e nem por interesse cobrando juros. Se tomares emprestado alguma coisa de teu próximo, deves restituir-lhes antes de o sol se por. Você não deve blasfemar o Nome do Eterno que é Santíssimo para sempre, nem jogar alguma maldição sobre um dos líderes de seu povo. Você não deve se atrasar em oferecer ao Eterno o primeiro fruto de sua colheita e o primeiro nascido entre os seus filhos e dos seus animais.
Você não deve proferir Lashon hará, nem seguir os outros para fazer o mal.
Não se deve favorecer um homem pobre só por ser pobre. Quando você ver um animal errante ou desgarrado, deverá devolvê-lo ao seu proprietário, mesmo que ele seja o animai de teu inimigo.
Mantenha-se longe de qualquer palavra falsa ou fofocas(Lashon hará) e não prejudique os inocentes e justos. Seis anos você pode plantar e fazer a colheita, mas no sétimo ano não haverá plantio, deves deixá-lo para os pobres da terra e os animais.
Seis dias você tem para fazer todas as suas tarefas, porém no Sétimo Dia você deixará de trabalhar, para que você e seus animais, seus servidores e estrangeiros possam recuperar suas forças.
Não façam menção do nome de qualquer deus pagão.
Três vezes por ano, você celebrará uma Festa para Mim. A Festa dos Pães Ázimos (Páscoa) para se lembrar de como Adonai libertou-os do Egito para fora da casa da servidão. Também deves celebrar a Festa de Shavuôt e a Festa de Sukkot. Não cozerás o cabrito no leite de sua própria mãe.
Adonai promete a proteção de um Anjo Poderoso, porém, os israelitas não deveriam contraria-lo pois, este anjo era um Elohim, um representante divino com poderes de julgamento severo, caso os israelitas se desviassem para o mal.
No início da manhã, Moisés levantou um altar ao pé da montanha, com doze colunas, segundo as doze tribos de Yisrael. Ele fez uma oferta de animais para o Eterno, dizendo em voz alta: “Este sangue sela a Aliança que Adonai faz agora com vocês.”
Então Adonai disse a Moisés: “Sobe a Mim ao monte, e Eu te darei as tábuas de pedra com são os Meus Mandamentos, para que possa ensiná-los.
Adonai disse a Moisés para deixar Aharon e Hur no comando dos israelitas. Então a glória de Eterno repousou sobre o monte Sinai e a aparência de Adonai era como um fogo consumidor no cume da montanha, diante dos olhos dos filhos de Yisrael.
Moisés entrou no meio da nuvem e subiu ao monte, e Moisés permaneceu no monte quarenta dias e quarenta noites.
O sentido espiritual da Parashá(comentários da Kabalah):
A Parashá da semana passada terminou com a entrega da Torah no Monte Sinai. Mishpatim é o plural da palavra Mishpat, que significa regras de justiça e trata de uma série de “regras” que determinam o comportamento entre o homem e seu semelhante, estabelecendo uma sociedade mais justa e igualitária, estas regras promovem uma consciência maior de responsabilidade e reciprocidade.
Mishpatim aborda as responsabilidades do indivíduo por danos físicos ao seu semelhante ou à sua propriedade e ao mesmo tempo nos fala sobre o Shabat, o que mais chama a atenção nesta Parashá é a relação entre aspectos da vida cotidiana e os rituais da Torah.
Vista pela perspectiva da Torah, não há distinção entre estas atividades rituais e cotidianas, ambas são importantes porque é no dia a dia da nossa existência que praticamos a profundidade de nossos valores espirituais.
A porção começa com a frase: “E estas são, as leis…”. Este “E” teoricamente desnecessário, foi colocado de forma a conectar esta Parashá com a da semana passada, o objetivo é enfatizar a diferença entre as leis criadas pelos seres humanos e as Leis da Torah dadas pelo Eterno, que estão além do tempo e do espaço.
Outra grande diferença entre as leis humanas e as Leis da Torah é que os seres humanos tendem a defender sempre os seus direitos ao invés de se preocupar com os seus deveres.
Para a Torah, quando o indivíduo cumpre seu propósito e segue as regras da sabedoria espiritual dada por Adonai, ele garante os direitos dos outros e consequentemente os seus próprios direitos também.
É nesta porção que surge o polêmico conceito de “olho por olho e dente por dente”.
Isso não significa simplesmente punição ou revanchismo como geralmente é visto no meio gentílico, mas um reconhecimento das leis de causa e efeito. Os mistérios da “lei do retorno” nos faz entender a lei de causa e efeito que rege a humanidade, cada pessoa tem uma correção particular que está relacionada com o bem ou mal que praticar, todos estes aspectos juntos formam o que chamamos de Lei do retorno ou melhor “aqui se faz, aqui se paga”.
“E ao estrangeiro não fraudareis e não o oprimireis, porque estrangeiro fostes na terra do Egito” (Êxodo 22:20)
Este preceito é repetido duas vezes em Mishpatim. Quando isto acontece na Torah, é um sinal para prestarmos uma atenção especial.
A sabedoria da Torah nos ensina que todo ser humano é um peregrino no mundo físico (no Egito da vida).
Nossa verdadeira essência é espiritual. A realidade na qual acreditamos, é na maioria das vezes uma ilusão criada pela nossa mente, a maior de todas as ilusões é a de que somos apenas um único e limitado “eu”, cada ser é uma casca que contém centelhas sagradas, liberar estas centelhas de suas cascas faz aproximar o homem de seu estado original, sem as limitações impostas pelo ego.
Quando acessamos um nível de alma (consciência) mais elevado, onde encontramos nosso verdadeiro “eu”, obtemos uma percepção do que está além da casca, ganhamos familiaridade com o “estrangeiro” e despertamos a centelha Divina que existe em tudo no mundo físico, esta era a essência em que os profetas do Tanach viviam, por isso, eles se sentiam mais próximos do Eterno do que nós.
“…tudo o que falou o Eterno, faremos e ouviremos” (Êxodo 24:7)
No deserto, o povo reclamou de sentirem sede e fome por diversas vezes. Chegaram a dizer que eram mais felizes como escravos no Egito, mas não deixaram de seguir adiante. Esta declaração demonstra o compromisso que devemos assumir com o caminho espiritual do Eterno, mesmo nos momentos de dúvida e medo, tudo começa e termina na ação humana.
Não há mérito no desenvolvimento espiritual, emocional e intelectual se não colocarmos os conceitos da sabedoria espiritual dadas pelo Eterno em sua Torah Sagrada totalmente em prática. Não adiante tentar exercermos a nossa própria justiça rejeitando a Justiça divina expressa na Torah, o Messias Yeshua deixou isto bem claro:
“Tenham cuidado em não exercer a vossa justiça perante os homens, com a finalidade de serdes elogiados por eles, doutra forma, não recebereis o Galardão junto ao vosso Pai Celeste” (Mateus 6:1)
Que Adonai Eterno abençoe a Leitura e o Estudo de sua Palavra.
קהילה ישראלית ספרדי נצרית בית בני אברהם
Congregação Israelita Sefardita Notserit Beyt B’nei Avraham – Belém/Pa
Marlon Troccolli

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