terça-feira, 30 de setembro de 2014

O HISTÓRICO DO JUDAÍSMO NAZARENO

Por: Rosh: Marlon Troccolli

Introdução:

Este artigo baseia-se em pesquisas históricas cujas fontes estarão disponíveis ao longo do desenvolvimento do mesmo, e destina-se a reforçar a Fé Patriarcal de nossos irmãos judeus que reconheceram em Yeshua haNotzeri o Mashiach de Yisrael, bem como de nossos irmãos gentios que aceitaram o D'us de Yisrael sendo enxertados na boa Oliveira e participam da mesma Fé de nossos patriarcas.

Este artigo também mostra como se deu o surgimento da primeira Congregação Nazarena de Yerushalaim, sua separação dos gentios ditos cristãos e os vestígios arqueológicos deixados por estes fiéis, cuja vida foi uma constante perseguição primeiro de seus próprios patrícios, depois pelo império romano e por fim pela cruel igreja cristã que os rotulou de hereges perseguindo-os como animais.

Objetivos:

* Reforçar a Fé dos nazarenos modernos ao conhecerem seus irmãos do passado.

* Servir como material de pesquisa bibliográfica sobre os judeus notzerim.

* Esclarecer a posição nazarena em relação aos vários grupos ditos judaicos messiânicos.

* Mostrar como se deu a separação definitiva dos gentios que adotaram a religião de Roma.

* Fundamentar a Fé Notzerit mediante a historicidade e achados arqueológicos da época.

Investigação Histórica:

Jerônimo era um padre católico, que a mando do papa Damaso foi incumbido de traduzir as Escrituras para o Latim, que já no quarto século era a língua litúrgica da igreja de Roma.
A pesquisa começou em 1986, quando encontramos esta declaração de Jerônimo, que ele escreveu no quarto século:

“Mateus, também chamado Levi, e que de publicano se tornou apóstolo, primeiro de tudo produziu um Evangelho do Messias na Judeia, na língua e nos caracteres hebraicos, para benefício dos da circuncisão que haviam crido, Não se tem suficiente certeza de quem o traduziu mais tarde para o grego. Ademais, o próprio em hebraico está preservado até hoje na Biblioteca de Cesareia que o mártir Pânfilo ajuntou tão diligentemente. Os Nazarenos, que usam este volume, na cidade Síria de Bereia, permitiram-me também copiá-lo”  (Obra de Jerônimo: “De Viris Inlustribus” [A Respeito de Homens Ilustres] – Capítulo III – Tradução do Texto Latino editada por E. C. Richardson e publicado na série – Texte und Untersuchungen zur Geschichte der Altchristlichen Literature — Volume, 14, Leipzig, 1896, páginas 8 e 9.)

Nesta declaração encontramos algumas verdades históricas que devemos Restaurar:

1. Mateus escreveu o Evangelho que leva o seu nome em Hebraico.

2. Não se sabe quem traduziu esse Evangelho Original “mais tarde” para o grego, o tradutor ou tradutores eram desconhecidos. Isto indica que traduções para o grego são posteriores aos originais em hebraico.

3. Esse Evangelho de Mateus em Hebraico, na época de Jerônimo, ainda estava preservado na Biblioteca de Cesareia.  Por que ele se perdeu? O que fizeram como ele?

4. Os Nazarenos tinham um exemplar desse Evangelho e emprestaram para Jerônimo copiá-lo.

Isto significa que no quarto século ainda podemos encontrar os judeus Nazarenos, mas eles, como nós podemos perceber, não pertenciam à mesma igreja de Jerônimo, ou seja, eles não eram católicos romanos, eles eram Notzerim. Tinham um nome, tinham uma identidade que os diferenciava da religião oficialmente estabelecida na época do papa Damaso.

Nossas pesquisas e investigações documentárias se voltaram, então, para responder algumas perguntas: Quem eram Os Nazarenos? Por que usavam o Evangelho de Mateus em Hebraico e não as cópias em Grego que já circulavam no meio católico? Em que eles criam? Por que não estavam unidos com a religião do império que tinha sua sede em Roma? Finalmente queríamos entender e compreender a Origem dos judeus Nazarenos.

As respostas a estas perguntas formaram um grande acervo de Documentos históricos que formam um panorama histórico surpreendente.

Os Nazarenos e a Cidade de Pella:

Pella foi uma antiga cidade, cujas ruínas constituem atualmente um sítio arqueológico que se situa na aldeia de Tabaqat Fahl, no noroeste da Jordânia. O local encontra-se no vale do Jordão, muito perto da fronteira com Yisrael, 80 km ao norte de Amã e 40  km a oeste de Irbid. Após a conquista romana por Pompeu na primeira metade do século I a.a.c., a cidade prosperou ainda mais, tendo então desaparecido a maior parte das construções helênicas. Ainda hoje subsistem ruínas espetaculares desse período, durante o qual Pella foi uma das cidades que compunha a Decápolis mencionada nos Evangelhos.
Com a destruição de Jerusalém pelo general Tito, os Nazarenos se Refugiam nesta cidade. Nossa pesquisa nos remete aos anos 66 ec. e 67 ec. A cidade de Jerusalém estava sitiada. Vespasiano tinha cercado a cidade com os exércitos romanos, mas, inesperadamente foi chamado para Roma, pois o imperador tinha falecido, por essa razão, o próprio Vespasiano foi declarado Imperador. Com a ida de Vespasiano para Roma, o cerco de Jerusalém foi levantado e foi esse o momento que os discípulos esperavam, aproveitando a retirada dos exércitos romanos e em cumprimento da advertência que encontramos em Lucas 21:20-21, eles fogem para além do rio Jordão. A cidade foi destruída pelo general Tito no ano 70 ec.

As fontes de pesquisa apontam como lugar principal de refúgio uma cidade chamada Pella. Vejamos o Comentário de uma Enciclopédia e ver como a história comprova que os discípulos saíram da cidade de Jerusalém antes de sua destruição:

“A Comunidade que imigrou de Jerusalém, ao início da guerra de Vespasiano com os judeus, ficou refugiada nas regiões da Galileia, Judeia e Samaria, ao oriente, e ao sul, no Egito, sendo encontrados até o final do século IV na região de Perea na cidade de Pella”  -(Enciclopédia Italiana – Vol. V, página 76, coluna 4)

Houve de fato uma imigração, para ser mais exatos, aconteceu uma fugida da cidade, um grupo de pessoas que é designado como: Comunidade, eles fogem de Jerusalém e se refugiam em várias regiões, em especial na cidade de Pella.

A Comunidade Notzerit na Cidade de Pella:

Já sabemos que um pequeno grupo de seguidores do Messias, e, portanto, nazarenos, que tinham aceitado a Fé, antes da destruição da cidade de Jerusalém pelo general Tito, fogem. Vejamos agora como era conhecida essa Comunidade de Jerusalém que foge para Pella:

“Transferiram-se antes do cerco, poucos em número para acidade de ... Pella ... chamavam-se Nazarenos, e com esse nome puramente evangélico que figuram na história” (História do Judaísmo Antigo, Cyro de Moraes Campos, Edição de 1961, página 353)

Assim, os que saíram de Jerusalém, antes da cidade ser destruída pelo general romano Tito, era a Comunidade dos Nazarenos, e eles se espalham pela Judeia, Galileia e se estabelecem principalmente em Pella.

“A Comunidade, trazia, porém, o nome de Nazarenos, que compartilhava com os demais grupos transjordânicos” (Nova História da Igreja, Vol.1 de autor francês J. Danielou Henry Marrou, 1984, da Editora Vozes, e com tradução de D. Paulo Evaristo Arns O. F. M. na página 44)

Claramente, sem deixar dúvidas, até Documentos católicos comprovam que a Comunidade dos Nazarenos é aquela que, saindo de Jerusalém se refugia além do Jordão (região transjordânica). Nós deveríamos pensar que os mais interessados em ocultar os fatos deveriam ser justamente os que os negam, porém, diante da história e por causa do grande acervo de Documentos de prova, todo historiador deve ser honesto, e por mais que isso contrarie a tradição religiosa deve afirmar o que realmente aconteceu.

O Início da separação definitiva:

A separação entre os dois grupos, de um lado os Nazarenos, de origem judaica, e do outro os “cristãos” de origem grega e síria, começa a ser notada logo após a Destruição de Jerusalém, pelo Imperador Romano Adriano.
Em 135, o imperador Adriano mandou arrasar a cidade de Jerusalém, ao cabo da revolta judaica liderada por Simão bar Kokhba. Sobre os restos que ficou de Jerusalém, edificou-se uma cidade helênica denominada Aelia Capitolina e sobre o monte onde se erguera o santuário do Eterno, isto é,  o Templo, erigiu-se um templo dedicado ao deus Júpiter Capitolino.

Observem como nessa data, 135, acontece então a separação definitiva que divide os dois grupos, cristãos dos nazarenos:

“A Congregação judaica nazarena já tinha ficado reduzida a uma pequena parcela de adeptos quando sessenta anos mais tarde, Adriano, reprimindo a última revolta dos judeus e fundando nas ruínas da Cidade Santa a nova cidade Aelia Capitolina, na qual nenhum judeu podia entrar, acabou destruindo-a completamente. Os judeus nazarenos, vagando dali por diante pela Palestina, não foram considerados cristãos pelos seus companheiros gregos e sírios. Passaram a serem chamados nazarenos, considerados, justa ou injustamente, hereges e classificados, às vezes, como tais, nas obras de escritores eclesiásticos”  (Philip Hughes “História da Igreja Católica” – Tradução de Leônidas G. de Carvalho, Dominus, São Paulo, Segunda Edição, Revista e Ampliada, página 18)

Este historiador deve se render diante das evidências, não as pode negar, mesmo se tratando de uma obra literária católica. No início ele chama Os Nazarenos de “Igreja judaica”, depois os chama de “cristãos judeus”, para finalmente reconhecer que o verdadeiro nome é: “Nazarenos”.
Reconhece também que a rejeição dos Nazarenos aconteceu nessa época, e foram os gregos e sírios que não mais os consideraram como verdadeiros seguidores do Messias, e injustamente acusados de hereges.

Provas Arqueológicas:

Uma Descoberta Arqueológica Comprova e Demonstra a Verdade Sobre o Começo da Fé Verdadeira, vamos considerar atentamente a seguinte informação: A fonte é de plena confiança.
Nesta fonte se apresenta um fato interessante: A descoberta de um selo numa Sinagoga Nazarena. Além dos oito utensílios usados na Sinagoga, merece destaque o nome que o artigo dá aos primeiros seguidores do Messias de Yisrael:

“Um selo foi descoberto após 2000 anos. Este antigo símbolo foi encontrado no Monte Sião. Acredita-se que ele foi criado por judeus crentes que chamavam-se a si mesmo de Nazarenos... Um dos oito objetos é um bloco bem gasto feito de mármore local do tamanho de um tijolo... Uma escrita em aramaico informando o uso deste artefato para ser a base onde se colocava o frasco do óleo da unção. O antigo aramaico transliterado como: ‘La Shemem Reuhon’ (para óleo do Espírito). Outro dos oito objetos é um pequeno, e quase intacto frasco que deveria certamente ser colocado no topo da base de mármore”  (Good News For Israel – ©Evangelical Press News Service, 6 de julho de 1999)

Percebemos que não são apenas os escritos dos primeiros séculos que atestam sobre a existência dos judeus Nazarenos, mas, também a arqueologia veio em auxílio para demonstrar que a linha de pesquisa a qual nos estamos seguindo está correta. Os Nazarenos eram os verdadeiros mantenedores da Herança Hebraica Messiânica.

A Perseguição contra os Nazarenos - Uma profecia cumprida:

No Estudo anterior mostramos como se deu a separação, para reforçar essa divisão vamos citar um novo Documento, agora de um autor judeu:

“Durante algum tempo, a Comunidade cristã era formada de duas seções divergentes: a dos Nazarenos ou judeus Cristãos... e a de cristãos gentios... É claro que um tal estado de coisas não podiam durar, e era, somente, uma questão de tempo, antes que uma das seções viesse a predominar e expulsar a outra. Foi exatamente isso que sucedeu. O acontecimento crítico que resolveu a questão foi a destruição do templo e do estado judaico no ano 70... A partir desse momento, os Nazarenos começaram a diminuir em número, enfraquecendo-se, pouco a pouco, a sua influência, até se tornar nula”. (Do livro: Dois Caminhos, autor: Abraham Cohem, Edições Biblos Ltda. Rio de janeiro, 1964, página 102.)

Assim um grupo prevaleceu sobre o outro, os Nazarenos perderam quase que totalmente sua influência sobre as congregações gentias, enquanto que os cristãos gentios prevaleceram e venceram. O que estava escrito na profecia?  Veja como as Escrituras apresentam estes fatos, a “besta” (falsa religião) prevalece sobre os santos:

“Foi-lhe dado também que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação”(Apocalipse 13:7) 

Estava escrito, era a profecia que não poderia falhar! Os santos foram vencidos e a “besta” do Apocalipse prevaleceu sobre eles, a falsa religião imperou dando de beber o seu vinho da mentira, do engano, das heresias, dos dogmas satânicos e do paganismo disfarsado de cristianismo, criaram um novo deus para seus seguidores adorarem, o deus trindade, um novo messias também foi criado aos moldes de sua religião cristã, o messias romano, a B'rit Chadashá foi adulterada para satisfazer as heresias da nova religião de Roma, um novo Cânon bíblico foi organizado de acordo com os interesses dos bispos e padres católicos, em fim, o cenário do engano estava pronto para operar e continuou operando por cerca de 2000 mil anos de trevas espirituais, até ao surgimento da Restauração profetizada nas Escrituras, onde o povo que foi enganado está tendo a oportunidade de ver os crimes cometidos pela religião popular, um verdadeiro atentado a Fé.

Conclusão:

É hora de se fazer escolhas, de se Restaurar a Fé, de se buscar as Veredas Antigas, se voltar aos verdadeiros seguidores do Messias de Yisrael, tudo bem que os nazarenos modernos não são os mesmos do passado, mas eles vieram do mesmo lugar de onde os primeiros nazarenos saíram, do judaísmo comum, não possuem ideias diferentes pois são simplesmente judeus completos, foram preservados das doutrinas de Roma, nada de dogmas mentirosos trinitaristas ou unicistas, são judeus seu maior dogma é o Shemá Yisrael, o Eterno é Um e Único e Ele NÃO DIVIDE sua Glória com NINGUÉM(Isaías 42:8)

Eles são os Remanescentes que tornariam a brotar e dariam frutos, são os que se converteram de entre a multidão como a areia do mar:

"Porque, ainda que o teu povo, o Yisrael, seja tão numeroso como a areia do mar, o Remanescente deste povo se converterá......" (Isaías 10:22)

Adonai os preservou fora da influência de Roma para serem Luz aos gentios de hoje, contradizendo a tudo que Roma inventou para enganar os incautos e jogar por terra a falsa doutrina e as heresias modernas:

"Sim diz Ele: Achas pouco seres meu servo, para Restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os Remanescentes de Yisrael, também te constituí Luz para os gentios, para seres a minha salvação até os confins da terra"(Isaías 49:6)

Bendito seja o Eterno, que não deixou perecer na mentira aqueles que voluntariamente buscaram a Verdade, fazendo parte da Congregação do Eterno e preparando um povo para se encontrar com o Messias, pois sua vinda está próxima.


Créditos: Ministério Israelita Nazareno /do livro: A Verdadeira Herança Messiânica


Rosh: Marlon Troccolli

3 comentários:

Unknown disse...

Olá Rosh:Marlon troccolli, shalom Adonai!
Eu lhe pergunto, a congregação nazana se juntou com os demais grupos messiânicos? Eu não achei mais o seu imal, já fui acha como beytdavi, é isso mesmo?

Unknown disse...

Olá Rosh:Marlon troccolli, shalom Adonai!
Eu lhe pergunto, a congregação nazana se juntou com os demais grupos messiânicos? Eu não achei mais o seu imal, já fui acha como beytdavi, é isso mesmo?

Unknown disse...

Gostei dos informes sobre a congregação nazareno, vou acompanhar, estou a procura da verdade revelada, porque existe uma confusão sobre
a veracidade ou inerrância da bíblia da ou chamada br'hadachar

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