quarta-feira, 14 de junho de 2017
RELAÇÃO DE TODOS OS SUMOS SACERDOTES DESDE AARÃO
Segundo Flavio Josefo
863. As obras do Templo, então, estavam terminadas;
assim, dezoito mil operários
que ali eram empregados e pagos pontualmente, ficaram sem trabalho; os
habitantes de Jerusalém,
quiseram dar-lhes uma ocupação
e um meio de vida; como eles nada desejavam conservar de todo o sagrado tesouro
do Templo, para que os romanos dele não se apoderassem, propuseram ao rei
Agripa reconstruir a galeria que está do lado do ocidente. Essa galeria
estava fora do Templo, num profundo vale, tão profundo que seus muros tinham
quatrocentas côvados
de altura e eram construídos
de pedra quadrada, muito branca, de vinte côvados de comprimento e de seis de
grossura sendo ainda obra de Salomão, que, por primeiro, construíra o Templo. Mas
Agripa, ao qual o imperador Cláudio
tinha encarregado de tudo o que se referia às reparações desse edifício sagrado, considerando
a magnitude da empresa, tanto pelo tempo como pela quantidade de dinheiro que
seria necessário
empregar-se para isso e que, as maiores obras se destróem facilmente, não quis dar-lhes
consentimento, mas permitiu-lhes, se o quisessem, mandar pavimentar sua cidade,
com pedras brancas. Tirou em seguida o sumo sacerdócio, a Jesus, filho da
Gamaliel e o deu a Matias, filho de TeóFílon, sob cujo sacerdócio, a guerra dos
judeus começou.
864.
A este propósito,
julgo conveniente aqui a série
dos sumos sacerdotes, elevados a esta honra até o fim desta a guerra. O primeiro foi
Aarão, irmão de Moisés. Seus filhos
sucederam-no e essa grande dignidade sempre permaneceu na sua família, sem que nenhum
outro que não
seus descendentes, nem mesmo reis, tenham sido escolhidos para exercê-lo. Houve oitenta e três, desde Aarão até Fanazo, que os
sediciosos elevaram a esse cargo e treze dentre eles o tiveram desde o tempo
em que Moisés
elevou um Tabernáculo
a Deus no deserto até
que o povo entrou na Judéia,
onde Salomão
construiu o Templo; no começo
só se provia a essa
dignidade depois da morte daquele que a exercia; mas, em seguida, foram
substituídos, mesmo antes de
morrer. Estes treze, eram todos descendentes dos filhos de Aarão e sucederam-se uns
aos outros. O governo de nossa nação era então, aristocrático. A autoridade
depois foi posta nas mãos
de um só. Por fim, passou para
a pessoa dos reis; havia seiscentos e doze anos que nossa nação tinha deixado o
Egito, sob o comando de Moisés,
quando Salomão
construiu o Templo.
Dezoito outros grandes sacerdotes
sucederam a estes treze, durante quatrocentos e sessenta e seis anos, seis
meses e dez dias, que se passaram sob o reinado dos reis, desde Salomão, até que Nabucodonosor, rei
de Babilônia, depois de ter
tomado Jerusalém
e incendiado o Templo, levou o povo escravo para Babilônia e com eles,
Josedeque, sumo sacerdote.
Depois do cativeiro de setenta e dois
anos, Ciro, rei da Pérsia,
permitiu aos judeus regressar ao seu país, reconstruir o Templo, sendo então Jesus, filho de
Josedeque, sumo sacerdote. Quinze dos seus descendentes, todos sumos sacerdotes,
como ele, durante quatrocentos e quatorze anos governaram a República, até que o rei Antioco
Eupator e Lísias,
general de seu exército,
tendo feito morrer Onias, em Beroé, o qual era sumo sacerdote, deram esse
cargo a Jacim, da família
de Aarão, não, porém, da mesma família, que o possuíra antes e dele
privaram o filho de Onias, que tinha o seu mesmo nome. Esse jovem Onias foi
para o Egito onde, tendo caído
nas boas graças
do rei Ptolomeu e da rainha Cleópatra,
sua mulher, permitiram-lhe construir em Heliópolis, um Templo semelhante ao de
Jerusalém, do qual ele foi
feito sumo sacerdote, como já
dissemos. Jacim morreu no fim de três anos e o sumo sacerdócio ficou vago durante
sete anos. Quando nossa nação
revoltou-se contra os macedônios
e escolheu para príncipe
os da família
dos asmoneus,* Jônatas,
um deles, foi escolhido com unânime
consentimento, para exercer esse grande cargo. Exerceu-o por sete anos; Trifom
fê-lo morrer à traição e Simão, seu irmão, sucedeu-o. Simão foi assassinado por
seu genro num banquete e Hircano, seu filho, foi elevado àquela honra. Dela ficou
de posse, durante trinta e um anos e morreu em idade muito avançada. Judas, seu filho,
cognominado Aristóbulo,
sucedeu-o e foi o primeiro que teve o título de rei. Só reinou um ano e
Alexandre, seu irmão,
sucedeu-o no reino e no sumo sacerdócio. Reinou vinte e sete anos e deixou
ao morrer, Alexandra, sua mulher, como regente, com o poder de estabelecer no
cargo de sumo sacerdote, aquele, dos filhos, que bem quisesse. Ela deu-o a
Hircano, que o exerceu durante os nove anos em que ela reinou, mas depois que
ela morreu, Aristóbulo,
seu irmão, que era mais moço do que ele, fez-lhe
guerra, venceu-o, obrigou-o a viver vida privada e usurpou-lhe ao mesmo tempo,
o reino e o sumo sacerdócio.
Gozou durante três
anos de um e de outro, mas Pompeu, depois de ter tomado Jerusalém, levou-o prisioneiro
a Roma, com seus filhos, e restabeleceu Hircano no cargo de sumo sacerdote e de
príncipe do judeus, sem,
todavia, dar-lhe o título
de rei. Dele gozou durante vinte e três anos, além dos nove, de que falamos, mas, no fim
desse tempo, Pacoro e Barzafarnes, generais do exército dos partos, vieram de além do Eufrates,
fizeram-lhe guerra, levaram-no prisioneiro e constituíram rei dos judeus a
Antígono, filho de Aristóbulo. Três anos e três meses depois, esse príncipe foi aprisionado
em Jerusalém,
por Herodes e por Sósio
que o enviaram a Antônio,
o qual lhe mandou cortar a cabeça
em Antioquia.
____________________________
* Isto não está no grego, pois ali deve estar Judas, e
não Jônatas, como se vê no artigo 491. Mas o
que se diz em seguida de Jônatas
é verdade, como se vê nos artigos 525 e529.
Herodes, feito rei pelos romanos, não escolheu mais, para
sumos sacerdotes os da família
dos asmoneus, mas honrava indiferentemente com esse cargo, os mesmos
sacerdotes e até
outros menos ilustres, exceto quando o deu a Aristóbulo, neto de Hircano,
aprisionado pelos partos e irmão
de Mariana, sua mulher, por causa do afeto que o povo tinha por ele e do
respeito que se conservava pela memória de Hircano. Mas ele via a simpatia
que todos tinham por esse jovem príncipe; começou a sentir medo e, então, fê-lo afogar em Jerico,
da maneira como descrevemos, e não quis mais elevar a essa honra a nenhum
da família dos asmoneus.
Arqueiau, filho de Herodes, e os romanos, que em seguida se tornaram senhores
da Judéia, fizeram do mesmo modo.
Assim, durante os cento e sete anos que se passaram desde o começo do reino de Herodes
até o tempo em que Tito
incendiou Jerusalém
e o Templo, houve vinte e oito sumos sacerdotes, alguns dos quais exerceram o
cargo sob o reinado de Herodes. Depois da morte deste e de Arqueiau, a maneira
de governar entre os de sua nação
tornou-se aristocracia e eram os sumos sacerdotes que tinham a principal
autoridade.
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